L’ou com balla (o ovo que dança) é uma tradição própria da festa de Corpus Christi. A tradição consiste em colocar um ovo vazio em uma nascente de água, para que o ovo se mova com a força da água. Para esvaziar o ovo, é necessário fazer um pequeno buraco, que é fechado depois com cera.

As flores que adornam a fonte impedem que o ovo caia contra a fonte e se quebre e, assim, o ovo volta à sua posição inicial sob o fluxo de água e continua dançando. Antigamente, se o ovo se partia durante a festa, era considerado um sinal de má sorte e, de fato, brigas e outros conflitos são documentados nos dias em que isso tem acontecido.

O ovo lembra a forma da Eucaristia, mas também sugere fertilidade e plenitude. A simplicidade desse costume o tornou muito popular, motivo pelo qual se espalhou para outras cidades da Catalunha, como Lleida, Vic, Manresa ou Igualada, onde foi recuperado nos anos 70.

Uma tradição que vem de longe

Não se sabe exatamente quando começou a ser feito l’ou com balla, mas de acordo com os livros de anotações da Catedral de Barcelona, ​​sabemos que em 1440 foi encarregado o arranjamento de uma capela de claustro para o dia de Corpus Christi. Além disso, também é registrada a compra de um lote de ovos para aqueles mesmos dias.

O lugar mais conhecido para ver l’ou com balla é o claustro da catedral de Barcelona, ​​mas há outros lugares no Bairro Gótico onde também pode ser visto como na Casa de l’Ardiaca, no pátio do Museu Frederic Marès, na Academia de les Bones Lletres, o Palau del Lloctinent ou o Ateneu de Barcelona. E talvez não seja tão conhecido, mas também pode-se ver l’ou com balla no claustro da paróquia de La Concepció, que apesar de hoje estar no Eixample, estava originalmente na cidade Velha (não se preocupe, um dia vamos explicar que é o que isso significa).

A festa del Corpus Christi

A festa de Corpus Christi é uma das mais importantes do mundo católico. Ela tem sua origens no século XIII, quando os dominicanos queriam dar ímpeto a uma celebração dedicada à Eucaristia. Em 1264, o Papa Urbano IV estabeleceu-a como uma festa e em 1316, o Papa João XII universalizou a celebração.

De todos os atos de celebração de Corpus Christi, talvez o mais impressionante era a procissão em que todas as instituições da cidade participavam. A de Barcelona foi uma das primeiras a ser celebrada em toda a Europa e está documentada desde 1320.

É por isso que este ano comemora o 700º aniversário da procissão de Corpus Christi

Alguns dias antes da procissão, uma cavalgada era realizada para anunciá-la. Os vizinhos limpavam casas, regavam as ruas e faziam tapetes de flores. Eram colocados Toldos para conseguir sombra, e cadeiras e bancos para que a procissão pudesse ser vista confortavelmente.

Tudo ficava estipulado e hierárquico no desfile. Os gigantes, o dragão e os animais selvagens passavam primeiro. Depois vinham longas filas de castiçais. As irmandades construíram figuras com representações: São Jorge matando o dragão, Adão e Eva, as filhas de Lot, o inferno com Lúcifer e o dragão …

A seguir vinham os dançantes de ball de bastons da Irmandade do Espírito Santo, e depois os menestréis vestidos com roupas brancas, diademas e asas de anjo passaram, tocando instrumentos de cordas. No final de tudo, o máximo representante do Conselho Municipal de Barcelona encerrava a procissão carregando a bandeira de Santa Eulália.

Uma coisa traz outra

Como tudo estava decorado com flores, a tradição de fazer tapetes de flores surgiu rapidamente. Essa tradição ainda é preservada em muitos lugares, como Sitges, Arbúcies, Girona … Houve um tempo em que parecia que ela ia desaparecer, mas ultimamente existem muitos lugares onde foi recuperada.

Este ano, a festa de Corpus Christi é quinta-feira, 11 de junho, embora as celebrações religiosas serão realizadas no domingo, dia 14. E, como todos os anos, o ovo voltara a dançar no claustro da catedral.